1. OUTONO
Após a cresta inicia-se a preparação do novo ano apícola cujos resultados dependem das condições em que as colónias passam o outono e o inverno:
apesar das colónias consumirem pouco devido à sua fraca actividade neste período, as provisões da colmeia devem ser abundantes e de boa qualidade, pois uma colónia de abelhas que passe o outono e o inverno com poucas provisões, enfraquece, não tendo condições para se defender do frio e da humidade e, principalmente, fica sem defesas para combater os parasitas e eventuais agentes patogénicos que se instalem na colmeia;
Na revisão de outono é indispensável extrair todos os favos deteriorados e renovar todas as colmeias que necessitem restauro e pintura;
As colmeias devem apresentar-se sem espaços vazios, isto é, todos os favos vazios devem sair do apiário e ser armazenados em boas condições;
as tampas das colmeias devem ser bem fixadas, para que não levantem com o vento.
É essencial que haja muitas abelhas jovens o mais cedo possível, pois disso depende a colheita de néctar que garantirá a futura produção de mel:
o início da postura da abelha-mãe e a alimentação das respectivas larvas, quer se faça no outono/inverno, quer seja na primavera (o que depende das florações existentes em redor do apiário e das condições climatéricas), está directamente dependente das quantidades de mel e pólen armazenadas nos favos e das condições em que estes produtos se encontrem.
Especialmente nas regiões muito húmidas, deve também ser garantido um bom arejamento no interior das colmeias porque a humidade em excesso é um dos piores inimigos das colónias:
para evitar que se mantenha na colmeia a água proveniente da condensação do ar quente, deve
limpar-se a abertura superior da prancheta de agasalho, de forma que o ar quente possa sair livremente.
Inclinar um pouco os estrados, para que a água escorra para o exterior.
Devem seleccionar-se as colónias que se apresentam em boas condições, eliminando-se todas as restantes:
se há uma colónia fraca, com mestra velha, deve ser reunida a uma colónia forte, ao anoitecer, intercalando uma folha de papel de jornal entre os dois corpos, para que as abelhas se juntem sem lutarem entre si;
se há uma colónia zanganeira (sem abelha-mãe), deve retirar-se do assento, na hora mais quente do dia, fumigar e, posteriormente, escovar todas as abelhas para o chão, na frente do apiário;
caso apareça alguma colónia muito enfraquecida e com sintomas de doença, deve ser eliminada ao anoitecer, com fumigação de enxofre, tendo o cuidado de encerrar bem todos os orifícios da colmeia, para uma acção rápida do produto e para que não haja abelhas doentes que voem para colmeias vizinhas.
A. TRATAMENTOS
Se as colónias doentes são fortes, podem ser simultaneamente tratadas e alimentadas, dissolvendo os medicamentos no xarope, após arrefecimento;
se a doença diagnosticada for de carácter infeccioso, às restantes colónias que se encontrem no mesmo apiário deve ser feito tratamento preventivo.
Recomenda-se que:
todos os tratamentos a ministrar às colónias de abelhas sejam sempre receitados por médico veterinário;
sejam cumpridas rigorosamente tanto as dosagens como o número de tratamentos recomendados e apenas quando as colónias não se encontram em produção.
Os tratamentos contra o Varrôa, caso não tenham sido feitos no verão, devem fazer--se no outono, sempre que se verifique a existência deste parasita e, para cada região, em simultâneo para todos os apiários.
B. PROVISÕES
As colónias que fiquem apenas com um corpo, necessitarão de 12 a 15 Kg de mel.
Nas regiões com invernos mais rigorosos e onde o apiário não é visitado frequentemente pelo apicultor, o ideal é que a colónia possa contar com meia alça cheia de mel, para além do corpo inferior que serve de ninho de criação; neste, há favos com mel e pólen armazenados e com algum espaço vazio para o início da postura da abelha-mãe.
Quanto às colónias muito fortes, com mestra nova, que ocupam duas câmaras de criação, a quantidade necessária para uma boa invernada são cerca de 30/35 Kg de reservas. Estas colmeias têm garantido um bom desenvolvimento da criação, muito cedo e em grande abundância, sendo óptimo recurso para a reprodução (formação de núcleos), no início da primavera.
A alimentação com xarope de açúcar ou com favos de mel operculado que o apicultor guardou e manteve em boas condições de armazenamento, é um complemento valioso para garantir uma boa invernada.
Todas as colmeias que não tenham mel suficiente para passarem o Inverno, devem ser alimentadas artificialmente com xarope de açúcar, antes de aparecerem os frios e as chuvas.
Este xarope, que deve ser sempre colocado no interior das colmeias para não ocasionar pilhagens, confecciona-se adicionando 2 Kg de açúcar a 1 litro de água e levando ao lume até ferver.