sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Polinização por insectos, seu valor económico e o perigo da sua extinção na alimentação humana!


  • Cientistas franceses do INRA e CNRS e um cientista alemão UFZ descobrem que o valor económico, em escala mundial, do serviço de polinização realizado por insectos polinizadores, principalmente abelhas, foi de €153 biliões em 2005 para as principais culturas que alimentam o mundo.


  • Este valor monta a 9.5% do valor total da produção mundial de alimentos pela agricultura.


  • O estudo também estabeleceu que o desaparecimento dos polinizadores se traduziria em uma perda para o consumidor estimada entre €190 a €310 biliões. Os resultados desse estudo sobre a valoração económica da vulnerabilidade da agricultura mundial, confrontada com o declínio dos polinizadores, são descritos na publicação “ECOLOGICAL ECONOMICS”.


  • De acordo com o estudo, o declínio dos polinizadores teria efeitos cruciais sobre três principais categorias de agricultura (segundo a terminologia da FAO); frutas e hortaliças seriam especialmente afectadas com uma perda estimada em €50 biliões cada, seguidas pelas oleaginosas comestíveis com €39 biliões.


  • Entre as preocupações com a biodiversidade, o declínio dos polinizadores se tornou uma questão aguda, porém seus impactos permanecem uma questão em aberto. Em particular, o valor económico do serviço de polinização que eles fornecem, não foi avaliado em bases sólidas até hoje. Com base nos números contidos na literatura publicada em 2007 sobre a dependência dos polinizadores das maiores culturas usadas para alimentação, o estudo recém publicado em ECOLOGICAL ECONOMICS usa dados da FAO e originais para calcular o valor da contribuição dos polinizadores para a produção mundial de alimentos. O valor económico total da polinização, em termos mundiais, montou a €153 biliões em 2005, o que representou 9,5 % do valor da produção agrícola mundial, usada para alimentar as pessoas naquele ano.
    Três principais categorias de culturas (segundo a terminologia da FAO) foram particularmente consideradas, com as frutas e hortaliças afectadas por uma perda estimada em €50 biliões a cada ano, seguida pelas culturas de oleaginosas comestíveis com €39 biliões. O impacto em estimulantes (café, cacau…), castanhas de todos os tipos (”nozes”) e temperos foi menor, ao menos em termos económicos.
    Os cientistas também descobriram que o valor médio das colheitas que depende dos insectos polinizadores era, na média, muito mais alto do que o de colheitas não polinizadas por insectos, tais como cereais e cana de açúcar (€760 e €150 por tonelada métrica, respectivamente).

  • A taxa de vulnerabilidade foi definida como a razão entre a polinização pelos insectos, dividida pelo valor total da colheita. Esta razão variou consideravelmente entre as categorias de cultura, com um máximo de 39% entre os estimulantes (o café e o cacau são polinizados por insectos), 31% para castanhas e 223% para frutas. Foi constatada uma correlação positiva entre o valor de uma categoria de cultura por unidade de produção e sua taxa de vulnerabilidade: quanto maior a dependência na polinização por insectos, maior o preço por tonelada métrica.
    Do ponto de vista da estabilidade da produção mundial de alimentos, o resultado indica que para três categorias de cultivo — especificamente as frutas, as hortaliças e os estimulantes — a situação seria consideravelmente alterada, se houvesse uma completa extinção dos insectos polinizadores, porque a produção mundial não seria mais capaz de satisfazer os actuais níveis de consumo.

  • Países que importam a maior parte de seus alimentos, tais como os pertencentes à Comunidade Europeia, seriam particularmente afectados.

  • No entanto, o presente estudo não deve ser interpretado como uma previsão, uma vez que os valores estimados não levam em conta todas as possíveis respostas estratégicas que poderiam ser adoptadas pelos produtores e todos os segmentos da cadeia de distribuição de alimentos, no caso de uma tal perda. Além disso, esses números consideram a possibilidade de uma extinção total dos insectos polinizadores, em lugar de um declínio gradual em seus números, e, embora poucos estudos demonstrem um relacionamento linear entre a densidade de insectos polinizadores e a produção, isto ainda está por ser confirmado.
    Esses resultados ressaltam que uma total extinção de insectos polinizadores, particularmente das abelhas melíferas e selvagens que são os principais polinizadores de culturas, não levariam a uma catastrófica desaparecimento da agricultura mundial, porém, não obstante, resultaria em significativas perdas económicas, e de biodiversidade, ainda que os números considerem apenas as culturas directamente usadas para a alimentação humana.

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